terça-feira, 3 de novembro de 2009

Comportamento da Pressão Arterial em exercícios físicos


Introdução


A hipertensão arterial, isoladamente, é um fator de risco para diversas doenças, tanto cardíacas quanto vasculares(1). Por outro lado, a redução da pressão arterial (PA) diminui o risco de desenvolvimento de tais enfermidades(2)

Uma das estratégias para a redução da pressão arterial de repouso é a prática regular de exercícios físicos. Diversos estudos têm comprovado um efeito benéfico do treinamento físico, tanto aeróbio(4) quanto de força(5), sobre os níveis de PA de repouso. Esses efeitos podem ocorrer como uma adaptação crônica ao treinamento ou como uma redução dos níveis pressóricos depois de uma sessão de exercícios, no que se denomina hipotensão pós-exercício (HPE)(6).

A maioria dos estudos que analisaram os efeitos da atividade física nos níveis de PA pós-exercício utilizou o exercício aeróbio como principal estratégia. As informações sobre o comportamento da PA após uma sessão de treinamento de força ainda são relativamente escassas, principalmente quando a amostra é composta por hipertensos.


Métodos


Foram recrutadas 20 pessoas hipertensas de ambos os gêneros (16 homens e quatro mulheres), participantes de um programa de exercícios físicos supervisionados, porém sem experiência prévia com treinamento de força. Embora todos os indivíduos utilizassem pelo menos uma medicação anti-hipertensiva, não houve homogeneidade quanto ao controle do fármaco. Os sujeitos foram orientados a não ingerir cafeína ou álcool no período de coleta de dados, assim como não realizar suas atividades físicas habituais antes dos testes. Como critérios de exclusão, foram considerados indivíduos que possuíam qualquer outra enfermidade que pudesse comprometer as respostas cardiovasculares e limitações articulares que impossibilitassem a realização dos exercícios.


Conclusão


Em relação ao exercício aeróbio, parece que quanto maior o volume, mais a duração da HPE(19). Esse fato está associado aos resultados do presente estudo, ou seja, os mecanismos de redução da PA após a atividade não seriam diferentes em relação ao tipo de exercício realizado. Uma das possíveis explicações para esse fato reside no aumento da liberação de substâncias vasodilatadoras, como óxido nítrico e prostaglandinas, que aumentam o fluxo sanguíneo e diminuem a resistência vascular(20)


Essa redução da PA após a atividade física é tida como uma das principais intervenções não-farmacológicas de controle da PA, principalmente em indivíduos hipertensos(18). Nesse sentido, quanto maior a magnitude e, principalmente, a duração da Hipotensão Pós-exercício, melhor o efeito do exercício sobre a saúde cardiovascular do praticante. Além disso, parece que a sucessão continuada desse comportamento hipotensivo após o esforço repercute cronicamente sobre a Pressão Arterial de repouso, tornando-a mais reduzida que aquela observada na condição pré-treinamento(6).


De fato, mesmo sem utilização de qualquer droga, a Hipotensão Pós-Exercício ainda não é um consenso decorrente do exercício de força. Enquanto existem informações sobre reduções importantes na PA após o exercício(8), outros resultados não mostram quaisquer alterações(24) ou até mesmo aumento(26) . A inconsistência de informações pode estar associada às inúmeras variáveis envolvidas, como forma de medida da PA e período de acompanhamento pós-esforço; e quanto à prescrição, como volume, intensidade, intervalo entre as séries e estado de treinamento.

A ausência de controle ou da homogeneização sobre as drogas utilizadas não permite afirmar que a atividade realizada tenha exercido o mesmo efeito hipotensor em todos os sujeitos.


Concluido o estudo, temos como resultado : a) por até 60 minutos pós-exercício, uma sessão de treinamento de força pode promover reduções nos níveis pressóricos, principalmente para PAS, em indivíduos hipertensos controlados por medicação; b) parece ser necessário um maior volume de treinamento para que tal efeito ocorra.

Logo, são necessários outros estudos dessa natureza em pessoas hipertensas, principalmente com melhor controle da medicação utilizada.


PARA UMA MAIOR INFORMAÇÃO SOBRE ESSE ESTUDO ACESSE O TRABALHO NA ÍNTEGRA


SAIBA MAIS




Referências:

1. Pescatello LS, Franklin BA, Fagard R, Farquhar WB, Kelley GA, Ray CA. American College of Sports Medicine position stand. Exercise and hypertension. Med Sci Sports Exerc 2004;36:533-53. [ Links ]

2. Ogihara T, Hiwada K, Morimoto S, Matsuoka H, Matsumoto M, Takishita S, et al. Guidelines for treatment of hypertension in elderly-2002 revised version. Hypertens Res 2003;26:1-36. [ Links ]

4. Whelton SP, Chin A, Xin X, He J. Effects of aerobic exercise on blood pressure: A meta-analysis of randomized, controlled trials. Ann Intern Med 2002;136:493-503. [ Links ]

5. Kelley GA, Kelley KS. Progressive resistance exercise and resting blood pressure: a meta-analysis of randomized controlled trials. Hypertension 2000;35:838-43. [ Links ]

6. MacDonald JR. Potential causes, mechanisms, and implications of post exercise hypotension. J Hum Hypertens 2002;16:225-36. [ Links ]

8. Polito MD, Simão R, Senna GW, Farinatti PTV. Hypotensive effects of resistance exercise performed at different intensities and same works volumes. Braz J Sports Med 2003;9:74-7. [ Links ]


18. Halliwill JR. Mechanisms and clinical implications of post-exercise hypotension in humans. Exerc Sports Sci Rev 2001;29:65-70. [ Links ]


24. Roltsh MH, Mendez T, Wilund KR, Hagberg JM. Acute resistive exercise does not affect ambulatory blood pressure in young men and women. Med Sci Sports Exerc 2001;33:881-6. [ Links ]

26. O'Connor PJ, Bryant CX, Veltri JP, Gebhardt SM. State anxiety and ambulatory blood pressure following resistance exercise in females. Med Sci Sports Exerc 1993;25:516-21. [ Links ]

27. Haykowsky MJ, Findlay JM, Ignaszewski AP. Aneurysmal subarachnoid hemorrhage associated with weight training: three case reports. Clin J Sports Med 1996; 6:52-5. [ Links ]

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